quarta-feira, 27 de março de 2013

Vã mér'd!

Parece-me que se espalhou de forma viral a despreocupação com o próximo. Qualquer pensamento contrário ou situação difícil já é motivo para o chamado "foda-se", que, no francês, equivale ao "vã mér'd".
Brincadeiras à parte, está extremamente chato conviver com quem não se importa com ninguém mais além de si. Cada um age como quer, isso é verdade, mas o problema é que essa praga se espalha, e contamina o admirável bom samaritano. É como inundar as raízes da árvore da vida com água salgada fervente. Como diriam os avós em geral: "é uma judiação!".
Quem dera se as coisas boas se espalhassem pelo mundo e afogassem o egoísmo do interior das pessoas, seria algo com benefícios infinitos e inimagináveis. No entanto, sigo a teoria de que o mundo caminha para o fim. Logo, a tendência das coisas é sempre piorar, salvo exceções de evolução intelectual e material dos indivíduos.
O bom samaritano recebe tantas "patadas" na vida que acaba passando para o lado negro do ser humano, em busca da impressão (falsa) de equilíbrio e justiça, deixando ligado de forma automática o tal do lamentável "foda-se". Se um mendigo precisa de um cobertor: "foda-se"; se uma mulher de 97 anos, grávida de trigêmeos, cai na rua: "foda-se, bora dar risada e filmar ela pra por no face"; se o pedreiro da obra ao lado pede um pouco de água: "foda-se"; se o vizinho quer a senha do wi-fi: "foda-se 2x".
Meu fixo ou eventual leitor, não aplicarei a extrema grosseria de direcionar minhas palavras a você com o intuito de caminhar para um "foda-se". Não quero te odiar. Eu te amo! Nem tanto, mas até que amo.
Esqueça essa história de que o mundo é uma fezes e que todos são maus. Vamos nos concentrar no nosso lado bom e no lado bom das pessoas. Ao lado ruim, de si mesmo ou dos outros, aí sim, está liberado, não hesite, use e abuse do "foda-se", ou seja elegante e aplique o francês, com o tal do "vã mér'd!".

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